Arquivo diário: março 7, 2013
Angry walls that steal the air
Eu fico puto! EXTRA!
Deputados questionarão na Justiça votação que empossou Marco Feliciano na CDHM

Sessão foi acordada entre presidente Henrique Alves e bancada evangélica e proibiu presença dos populares./Foto: Alexandra Martins / Câmara Federal
Rachel Duarte
Mesmo com petições virtuais e manifesto presencial de populares contrários ao nome do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara Federal, o parlamentar da bancada evangélica foi eleito para o cargo nesta quinta-feira (7). Em nova sessão convocada pelo presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), sem aviso à Mesa Diretora da CDHM, ele foi eleito com 11 dos 12 votos. Houve um voto em branco e a retirada de parte do quórum, em repúdio a indicação e à proibição da presença de populares na sessão. Parlamentares descontentes avisam: promoverão uma comissão paralela e irão a todas as instâncias para tentar invalidar a votação que aprovou Feliciano.
Na sessão desta quarta-feira (6), que deveria ter selado o nome de Marco Feliciano, ativistas dos direitos da população LGBT fizeram pressão contrária ao nome do pastor, criticado por manifestações públicas consideradas por eles homofóbicas e racistas. Os ânimos entre os parlamentares do PT, PSOL, PCdoB e alguns do PSB, contrários à indicação do PSC, foram acirrados na sessão diante da resistência do partido cristão em não revogar o nome para presidência da CDHM. Diante do impasse, o presidente da CDHM, Domingos Dutra (PT) suspendeu a sessão e repassou o problema para o PSC.
“Não se tentou nenhuma mediação por parte do PSC. Ontem (quarta) o deputado André Moura (líder do PSC) constrangeu a colega de partido, deputada Antonia Lúcia. Ela não foi respeitada em sua manifestação. Foi uma discriminação da voz da deputada, inclusive enquanto mulher”, criticou o deputado Domingos Dutra.
Após reunião com o PSC, o presidente da casa, Henrique Alves, decidiu pela nova sessão na manhã desta quinta – decisão que não teria sido comunicada à Mesa Diretora da comissão. Além disso, foi proibida a presença de representantes dos movimentos sociais interessados no tema. “Chamou uma sessão sem tempo de articular qualquer solução de crise. Para as 9 horas do dia seguinte. Ficamos sabendo pela imprensa desta decisão. E cercou a participação das pessoas. Foram dois atos de profundo autoritarismo que demonstram que o deputado (Henrique Alves) não tem noção nenhuma da luta pela defesa da pessoa humana como presidente desta casa”, acusou.
Domingos Dutra diz que sessão secreta e cerco policial na sessão lembrou ditadura militar
Para a sessão desta quinta-feira, os corredores de acesso à Comissão de Direitos Humanos e Minorias foram fechados por inúmeros policiais da Segurança Legislativa. A sessão foi secreta, não permitindo a presença de nenhum parlamentar que não fosse da CDHM e apenas jornalistas credenciados. “Não tenho outra imagem de comparação do que vivemos nesta manhã que não a ditadura militar. Ninguém estava armado ou atentando contra o patrimônio público. O conflito de ontem (quarta) foi entre parlamentares não com os populares. A Comissão dos Direitos Humanos fechada pouco tempo depois que o Parlamento devolveu os mandatos aos deputados perseguidos na ditadura. Isso não tem sentido”, defendeu o petista Domingos Dutra.
Como presidente da CDHM no momento da sessão, Domingos Dutra renunciou ao cargo antes de ter que transmiti-lo ao sucessor eleito minutos depois. O ato foi em protesto à indicação de Marco Feliciano (PSC-SP) e foi acompanhado dos deputados do PT e do PSOL. A deputada Luiza Erundina (PCdoB-SP) também se retirou e outros parlamentares, como Jean Wyllys (PSOL-RJ) nem chegaram a comparecer no Congresso. A eleição foi conduzida pelo membro mais idoso da comissão, o deputado evangélico Costa Ferreira (PSC-MA).
O deputado Pastor Eurico (PSB-PE) criticou a postura de Dutra. ”Isso é uma comissão de direitos humanos ou de direitos de uns e de outros? Não existe crime antes de ser julgado”, pontuou. “Estão praticando o preconceito aos evangélicos. Poderíamos convocar os evangélicos para fazer baderna nessa Casa. Mas nós, evangélicos, não somos de fazer baderna.”
A votação foi considerada pela deputada Erika Kokay frágil do ponto de vista regimental. “Não há ato da mesa dizendo que uma sessão tem que ser fechada. As reuniões são públicas. A única coisa que existe é a fala do presidente da casa após receber o grupo de fundamentalistas e sem expressar em qualquer ato formal sua decisão”, alega.
Parlamentares estudam revogar votação e criar Frente Parlamentar em defesa dos Direitos Humanos
Na próxima terça-feira, às 11 horas, os deputados federais que lutam pela defesa dos direitos humanos dentro e fora da CDHM se reunirão para decidir as ações contra a sessão que consideram arbitrária. Os deputados contrários que integram a CDHM também vão decidir se permancem na comissão ou não, e de que forma permanecerão. “Vamos criar uma Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos e recorrer em todas as instâncias para reaver esta votação fora do regulamento”, diz Erika Kokay.
A tentativa será derrubar na justiça a votação que empossou o pastor Marco Feliciano como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. “Nós vamos questionar na Justiça esta eleição e a atuação do presidente (Henrique Alves). O regimento não permite que alguém que é contra os direitos humanos seja presidente da Comissão de Direitos Humanos. É o mesmo que escolher o chefe do tráfico para presidir a Comissão de Segurança”, compara Domingos Dutra.
O PSC possui sete das 17 cadeiras da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, graças a cedência de quatro vagas pelo PSDB e PMDB (duas cada partido) e uma vaga concedida pelo PT. “O PT afiançou o PSC nesta comissão e não houve nenhuma tentativa de mediação conosco. Com maioria aqui eles querem acabar com a comissão. Isto é uma articulação entre evangélicos, ruralistas e a presidência da Câmara”, diz Dutra.
Recém eleito, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) fez discurso negando que seja racista e homofóbico. “Minha filha perguntou: ‘Pai, o que eu vou falar na escola quando disserem que sou filha de um racista?’. Eu respondi: ‘minha filha, a verdade sempre prevalece’”, disse. Marco Feliciano, que se definiu como “cristão moderado”, disse lamentar a ausência de Jean Wyllys e afirmou ter proposto ao colega um trabalho conjunto, apesar das divergências.
O deputado Takayama (PSC-PR) disse que os evangélicos não são contra os homossexuais. “Amamos os homossexuais. Amamos o pecador, mas não as práticas do pecado”, disse Takayama.
“Não é qualquer coisa o que aconteceu hoje. Foi uma derrota da Constituição, não de parlamentares. Transformaram vítimas em algozes, uma tática fascista, (usada) em nome de uma ‘cristofobia’ que tenta romper a laicidade do estado para defender credos religiosos. A Comissão de Direitos Humanos já foi presidida por pessoas de outros credos religiosos e que compreendiam as coisas de outra forma”, analisa a deputada Erika Kokay.
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Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.
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Faye Dunaway on the set of Chinatown (Roman Polanski, 1974)
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Ingrid Bergman, 1939
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Frances Farmer, 1940
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Washington DC. 1947, a photo by Henri Cartier-Bresson
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Joan Bennett, 1930s
Pela Janela do Avião
Simplesmente delirante. Tim Sessler filmou sua viagem pela janela do avião de San Francisco até a Filadélfia, nos EUA. Poderia ser só uma filmagem qualquer, mas olhem o quão bonito é o olhar dele e, claro, a edição das imagens.