Ruas apenas trabalhava. Era um dos milhões de negros e índios que ainda hoje não descansam nem durante a ceia de Natal. Em um metrô, onde o Estado inexiste, em que tudo foi privatizado, inclusive, pelo visto, até a alma das pessoas, apenas pediu calma, apenas defendeu o direito do ser humano ser quem é.
A travesti sobreviveu, enquanto o negro ambulante era assassinado por neonazistas. Rosa, há cem anos assassinada por ser comunista, dizia que ou seria socialismo ou barbárie.
As décadas passaram e, enquanto aqueles que professam o ódio e a intolerância em seu cotidiano rezavam em suas ceias de Natal – como que para livrar-se de suas consciências – a barbárie ceifava outra vida espoliada. Luis Carlos Ruas, Presente!