LIVRO BOMBA: O PRÍNCIPE DA PRIVATARIA

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Livro bomba: O príncipe da privataria

 

Do sítio da Editora Geração:

Uma grande reportagem, 400 páginas, 36 capítulos, 20 anos de apuração, um repórter da velha guarda, um personagem central recheado de contradições, poderoso, ex-presidente da República, um furo jornalístico, os bastidores da imprensa, eis o conteúdo principal da mais nova polêmica do mercado editorial brasileiro: O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição (Geração Editorial, R$ 39,90).


Com uma tiragem inicial de 25 mil exemplares, um número altíssimo para o padrão nacional, O Príncipe da Privataria é o 9° título da coleção História Agora da Geração Editorial, do qual faz parte o bombástico A Privataria Tucana e o mais recente Segredos do Conclave.

O personagem principal da obra é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o autor é o jornalista Palmério Dória, (Honoráveis Bandidos – Um retrato do Brasil na era Sarney, entre outros títulos). A reportagem retrata os dois mandatos de FHC, que vão de 1995 a 2002, as polêmicas e contraditórias privatizações do governo do PSDB e revela, com profundidade de apuração, quais foram os trâmites para a compra da reeleição, quem foi o “Senhor X” – a misteriosa fonte que gravou deputados confessando venda de votos para reeleição – e quem foram os verdadeiros amigos do presidente, o papel da imprensa em relação ao governo tucano, e a ligação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) com a CIA, além do suposto filho fora do casamento, um ”segredo de polichinelo” guardado durante anos…

Após 16 anos, Palmério Dória apresenta ao Brasil o personagem principal do maior escândalo de corrupção do governo FHC: o “Senhor X”. Ele foi o ex-deputado federal que gravou num minúsculo aparelho as “confissões” dos colegas que serviram de base para as reportagens do jornalista Fernando Rodrigues publicadas na Folha de S. Paulo em maio de 1997. A série “Mercado de Voto” mostrou da forma mais objetiva possível como foi realizada a compra de deputados para garantir a aprovação da emenda da reeleição. “Comprou o mandato: 150 deputados, uma montanha de dinheiro pra fazer a reeleição”, contou o senador gaúcho, Pedro Simon. Rodrigues, experiente repórter investigativo, ganhou os principais prêmios da categoria no ano da publicação.

Nos diálogos com o “Senhor X”, deputados federais confirmavam que haviam recebido R$ 200 mil para apoiar o governo. Um escândalo que mexeu com Brasília e que permanece muito mal explicado até hoje. Mais um desvio de conduta engavetado na Era FHC.

Porém, em 2012, o empresário e ex-deputado pelo Acre, Narciso Mendes – o “Senhor X” –, depois de passar por uma cirurgia complicada e ficar entre a vida e a morte, resolveu contar tudo o que sabia.

O autor e o coautor desta obra, o também jornalista da velha guarda Mylton Severiano, viajaram mais de 3.500 quilômetros para um encontro com o “Senhor X”. Pousaram em Rio Branco, no Acre, para conhecer, entrevistar e gravar um homem lúcido e disposto a desvelar um capítulo nebuloso da recente democracia brasileira.

O “Senhor X” aparece – inclusive com foto na capa e no decorrer do livro. Explica, conta e mostra como se fazia política no governo “mais ético” da história. Um dos grandes segredos da imprensa brasileira é desvendado.

20 anos de apuração

Em 1993, o autor começa a investigar a vida de FHC que resultaria neste polêmico livro. Nessas últimas duas décadas, Palmério Dória entrevistou inúmeras personalidades, entre elas o ex-presidente da República Itamar Franco, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes e o senador Pedro Simon, do PMDB. Os três, por variadas razões, fizeram revelações polêmicas sobre o presidente Fernando Henrique e sobre o quadro político brasileiro.

Exílio na Europa

Ao contrário do magnata da comunicação Charles Foster Kane, personagem do filme Cidadão Kane, de Orson Welles, que, ao ser chantageado pelo seu adversário sobre o seu suposto caso extraconjugal nas vésperas de uma eleição, decide encarar a ameaça e é derrotado nas urnas devido a polêmica, FHC preferiu esconder que teria tido um filho de um relacionamento com uma jornalista.

FHC leva a sério o risco de perder a eleição. Num plano audacioso e em parceria com a maior emissora de televisão do país, a Rede Globo, a jornalista Miriam Dutra e o suposto filho, ainda bebê, são “exilados” na Europa. Palmério Dória não faz um julgamento moralista de um caso extraconjugal e suas consequências, mas enfatiza o silêncio da imprensa brasileira para um episódio conhecido em 11 redações de 10 consultadas. Não era segredo para jornalistas e políticos, mas como uma blindagem única nunca vista antes neste país foi capaz de manter em sigilo em caso por tantos anos?

O fato só foi revelado muito mais tarde, e discretamente, quando Fernando Henrique Cardoso não era mais presidente e sua esposa, Dona Ruth Cardoso, havia morrido. Com um final inusitado: exame de DNA revelou que o filho não era do ex-presidente que, no entanto, já o havia reconhecido.

Na obra, há detalhes do projeto neoliberal de vender todo o patrimônio nacional. “Seu crime mais hediondo foi destruir a Alma Nacional, o sonho coletivo”, relatou o jornalista que desvendou o processo privativista da Era FHC, Aloysio Biondi, no livro Brasil Privatizado.

O Príncipe da Privataria conta ainda os bastidores da tentativa de venda da Petrobras, em que até a produção de identidade visual para a nova companhia, a Petrobrax, foi criada a fim de facilitar o entendimento da comunidade internacional. Também a entrega do sistema de telecomunicações, as propinas nos leilões das teles e de outras estatais, os bancos estaduais, as estradas, e até o suposto projeto de vender a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. “A gente nem precisa de um roubômetro: FHC com a privataria roubou 10 mil vezes mais que qualquer possibilidade de desvio do governo Lula”, denuncia o senador paranaense Roberto Requião.

Sobre autor:

Palmério Dória é repórter. Nasceu em Santarém, Pará, em 1949 e atualmente mora em São Paulo, capital. Com carreira iniciada no final da década de 1960 já passou por inúmeras redações da grande imprensa e da “imprensa nanica”. Publicou seis livros, quatro de política: A Guerrilha do Araguaia; Mataram o Presidente — Memórias do pistoleiro que mudou a História do Brasil ; A Candidata que Virou Picolé (sobre a queda de Roseana Sarney na corrida presidencial de 2002, em ação orquestrada por José Serra); e Honoráveis Bandidos — Um retrato do Brasil na Era Sarney ; mais dois livros de memórias: Grandes Mulheres que eu Não Comi, pela Casa Amarela; e Evasão de Privacidade, pela Geração Editorial.

Ficha Técnica:

O Príncipe da Privataria
Autor: Palmério Dória
Coleção: História Agora – 9 vol.
Gênero: Reportagem
Acabamento: Brochura
Formato: 16 x 23 cm
Págs: 400
Peso: 552g
ISBN: 9788581302010
Preço: R$ 39,90
Editora: Geração

Livro (LGBT): “Entre Irmãos”, de Rafael Farias Teixeira

 Homorrealidade

Livro (LGBT): “Entre Irmãos”, de Rafael Farias Teixeira

Noreply@blogger.com (homorrealidade)

Segunda-feira, Agosto 12, 2013, 8:05 am

MUNDO GAY

 
Visto no iGay
 
Rafael Farias Teixeira , 26 anos, é o autor de “Entre Irmãos”, lançado pela editora Multifoco em 2012. O livro conta a história de uma família de três irmãos, Fernando, Maurício e Beatriz, que acaba se dividindo quando um deles se assume gay.
 
“Os irmãos rompem depois da declaração de Fernando, a família não aceita e eles se afastam. O único contato segue sendo a irmã, que não rejeita o irmão e passa a ser o único laço familiar”, resume o autor.
 
A crise da saída do armário é uma cena que o autor Rafael acompanhou diversas vezes, inclusive – em proporção mínima – em sua própria casa, em Salvador. Quando entrou na faculdade de Jornalismo na USP, em 2006, ele se mudou para São Paulo, e foi aí que deu vazão à sua orientação sexual.
 
 
 
“Salvador tem uma sociedade muito machista, meus amigos viviam enrustidos e infelizes, vir para São Paulo foi uma coisa libertadora para muitos deles. Até para mim, que tenho uma família mais aberta, o ambiente da cidade me fez entender o assunto, e me entender, de uma forma mais tranquila.”
 
Primeiro ele conversou com a mãe, depois, com mais cautela, com o pai. “Minha situação foi amena. Com minha mãe bastou uma conversa, com meu pai demorou mais tempo para ir quebrando tudo. Não teve briga, mas fui dando as informações em doses homeopáticas. A distância ajudou. O fato de eu estar longe de casa os lembrou de que sou filho deles, sob todos os aspectos.” Rafael tem um irmão e três irmãs.
 
“Quando comecei a escrever o livro, tinha acabado de descobrir minha orientação sexual e o filho gay era mais ou menos a pessoa que eu queria ser: duro, forte, corajoso, brigão, do tipo que guarda mágoa e não perdoa as agressões”, conta Rafael. “Mas, ao mesmo tempo em que é forte, Fernando é muito rígido. Acaba sendo alvo do afeto do leitor mais militante, que se identifica com ele, mas também do ódio do leitor, porque é muito inflexível.”
 
A história se passa em São Paulo, e muitos lugares da cena gay da cidade serão facilmente reconhecidos pelos frequentadores, mesmo que não sejam identificados pelo nome. Além das baladas badaladas, o livro cita o cemitério do Araçá e o extinto Cine Belas Artes. Na hora de dar o livro para sua mãe ler, Rafael ficou apreensivo. “Fiquei pensando: ai, como será minha mãe ler o livro que o filhinho dela escreveu, e as cenas de sexo?”, conta. Ela gostou, chorou, não reclamou das cenas de sexo. A única bronca de dona Mara foi: “Meu filho, precisava ter tanto palavrão?”
 
“Quando lancei o livro não tive receio de ser criticado, queria contar aquela história e contei”, diz Rafael. Depois de enviar o original para as maiores editoras nacionais, Rafael viu que estava sendo ingênuo. “Percebi que não é assim: o processo de análise dos textos é muito unilateral, você fica esperando a resposta, que muitas vezes nunca vem.” Até que veio, de uma editora pequena, a Multifoco, que produz por demanda. “Eles lançam em uma tiragem pequena, de 30 exemplares, o livro fica disponível no site da editora e da Livraria Cultura e vai sendo produzido de acordo com os pedidos que recebe”, explica. “Ela dá oportunidade para o autor iniciante e minimiza o seu próprio risco se a obra não for muito vendável.”
 
Clique aqui para ler o primeiro capítulo de “Entre Irmãos”:
 
 

Summer voyages: The Expedition Of Humphry Clinker by Tobias Smollett

Summer voyages: The Expedition Of Humphry Clinker by Tobias Smollett

A holiday journey around 18th-century Britain is irresistably sweet

Royal Crescent, Bath

‘Sumptuous palace’ … Royal Crescent, Bath. Photograph: Trevor Smithers/Getty

It’s a profound shame that the reputation of Tobias Smollett (1721-1771) seems to be waning. A few generations ago, he was part of the quartet of Great 18th-century Novelists, alongside Samuel Richardson, Henry Fielding and Laurence Sterne. George Eliot paid tribute to him in Middlemarch, when Brooke advises Casaubon: “Or get Dorothea to read you light things, Smollett – Roderick Random, Humphry Clinker. They are a little broad, but she may read anything now she’s married, you know. I remember they made me laugh uncommonly – there’s a droll bit about a postilion’s breeches.” Thackeray, in his English Humorists (overlooking the fact that Smollett was born in Dunbartonshire) wrote that: “The novel of ‘Humphry Clinker’ is, I do think, the most laughable story that has ever been written since the goodly art of novel-writing began”. Robert Burns praised the “incomparable humour” of Smollett; Hazlitt called Humphry Clinker “the most pleasant gossiping novel that ever was written”.

  1. Humphry Clinker
  2. by Tobias Smollett
  3. Buy the book
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The Expedition Of Humphry Clinker is an epistolary novel, in which Matthew Bramble, his nephew Jery Melford, his sister Tabitha, his niece Lydia and Winifred, Tabitha’s maid, all send letters to their friends describing their holiday from Gloucester, to Bath, to London, to Harrogate, to Durham, Edinburgh, to Glasgow and back home. The zestful fun of the novel comes from the characters’ radically different perspectives on the places they visit. For example, the curmudgeonly Bramble is less than taken with Bath: “They look like the wreck of streets and squares disjointed by an earthquake, which hath broken the ground into a variety of holes and hillocks; or as if some Gothic devil had stuffed them altogether in a bag, and left them to stand higgledy piggledy, just as chance directed. What sort of a monster Bath will become in a few years, with those growing excrescences, may be easily conceived”. Lydia, by contrast, says “Bath … to be sure, is an earthly paradise. The Square, the Circus, and the Parades, put you in mind of the sumptuous palaces represented in prints and pictures; and the new buildings, such as Princes-row, Harlequin’s-row, Bladud’s-row, and twenty other rows, look like so many enchanted castles, raised on hanging terraces.” The Expedition Of Humphry Clinker begins the tradition of the novel as tourism. It is also the first to capitalise on the idea of multiple perspectives (although Christopher Anstey had pioneered the form in his New Bath Guide). With Humphry Clinker, we have the beginnings of the ironic polyphony that Bakhtin thought characterised the novel as a form.

 

There is a plot – involving romances, an illegitimate child, and the delightful Lieutenant Obadiah Lismahago – but on the whole it conforms to Walter Scott’s dictum “what the deuce is a plot for except to bring in good things?” There are disquisitions on the Enlightenment, Methodism, the Union, the freedom of the press, and copious accounts of the different forms of hospitality available in each place (oysters kept in “slime-pits” in Colchester, the English visitors trying to deal with “haggice” – “a mess of minced lights, livers, suet, oat-meal, onions, and pepper, inclosed in a sheep’s stomach, had a very sudden effect upon mine”, the dreadful adulterated milk at Covent Garden). Smollett indulges in a little proto-postmodernism when Ferdinand Count Fathom, from his previous novel of that name, makes an appearance. Although the idea of the malapropism is conventionally linked to Sheridan’s 1775 play The Rivals, it typifies the letters sent by the servant Winifred: “Oh Molly,” she writes “you that live in the country have no deception of our doings in Bath”, and she revels in “the very squintasense of satiety” they enjoy. “Matrimony” becomes “Mattermoney”, as if to prefigure Jane Austen. She means more than she realises.

 

Sterne caricatured Smollett as “Smelfungus”, on account of his irascible, cynical sarcasm: although Bramble begins very much in that vein, part of the charm of Humphry Clinker is in seeing how Bramble is himself charmed, becoming mellower over the course of the novel. Scott, in his biography of Smollett writes that “notwithstanding the general opinion denies that quality to his countrymen, Smollett excels in broad and ludicrous humour. His fancy seems to run riot in accumulating ridiculous circumstances one upon another, to the utter destruction of all power of gravity; and perhaps no books ever written have excited such peals of inextinguishable laughter as those of Smollett.”

 

The voyage, Smollett suggests, is a chance to change: the Caledonian trip makes Bramble and his companions realise their prejudices about the Scots in particular, and anyone different in general. This was politically quite bold. At the time of publication, John Wilkes was stoking up anti-Scottish feeling in the pages of the North Briton, and Horace Walpole claimed that Humphry Clinker was “the profligate hireling Smollett” attempting to “vindicate the Scots”. What he was doing was proving that the novel was a form that could create sympathy.

 

Byron, in Childe Harold’s Pilgrimage, wrote of the “double joy” of admiring a landscape with a loved one. There’s a quintuple joy in The Expedition of Humphry Clinker, as we learn to love these often eccentric, sometimes delusional, sometimes incisive characters and see 18th-century Britain through their eyes.

 Bê Neviani Blog – RSS

Ruy Castro

Noreply@blogger.com (helena Neviani Guarani-kaiowá)

Quarta-feira, Agosto 07, 2013, 9:13 am

DE TUDO UM POUCO

folha de são paulo

Reduzido a um clique

RIO DE JANEIRO – A notícia é alarmante: “Amazon se prepara para vender livros físicos no Brasil”. O alarme não se limita à iminente entrada da Amazon no mercado brasileiro de livros –algo que lembrará o passeio de um brontossauro pela Colombo. A ameaça começa pela expressão “livros físicos”. É o que, a partir de agora, o diferenciará dos livros digitais.
Pelos últimos mil anos, dos manuscritos aos incunábulos e aos impressos a laser, os livros têm sido chamados de livros. Nunca precisaram de adjetivos para distingui-los dos astrolábios, das guilhotinas ou das cenouras. Quando se dizia “livro”, todos entendiam um objeto de peso e volume, composto de folhas encadernadas, protegidas por papelão ou couro, nas quais se gravavam a tinta palavras ou imagens.
Há 200 anos, os livros deixaram de ser privilégio das bibliotecas públicas ou particulares e passaram a ser vendidos em lojas especializadas, chamadas livrarias. Desde sempre, as livrarias se caracterizaram por estantes altas, vendedores atenciosos, uma atmosfera de paz e a ocasional presença de um gato. Foi nelas que leitores e escritores aprenderam a se encontrar e trocar ideias, gerando uma emulação com a qual a cultura teve muito a ganhar.
A Amazon dispensa tudo isso. Ela vende livros “físicos”, mas a partir de um endereço imaterial –nada físico–, acessível apenas pela internet. Dispensa as livrarias. Se você se interessar por um livro (certamente recomendado por uma lista de best-sellers), basta o número do seu cartão de crédito e um clique. Em dois dias, ele estará em suas mãos –e a um preço mais em conta, porque a Amazon não tem gastos com aluguel, escritório, luz, funcionários humanos e nem mesmo a ração do gato.
Com sorte, os livros continuarão “físicos”. Mas os leitores correm o risco de ser reduzidos a um número de cartão de crédito e um clique.

 

A sociedade justa e seus inimigos

by luizmullerpt

Os mecanismos pelos quais o Estado arrecada os recursos que vão viabilizar seu funcionamento são desconhecidos pela maioria dos cidadãos, os quais, além de tudo, pouco interesse manifestam em seu desnudamento, ainda que, no Brasil, haja apelo para tal através do “impostômetro” (de insuspeitado interesse em promover, entre a população, a aversão à cobrança de impostos, necessários para viabilizar a ação do Estado). O conhecimento desses intrincados e pouco visíveis mecanismos (especialmente quando o sistema tributário é regressivo) é domínio de uns poucos estudiosos e profissionais vinculados às funções fiscais e tributárias do Estado.

 

De modo simplificado, pode-se entender um sistema tributário como um conjunto de disposições que regula a coleta de recursos numa sociedade com a qual se assegura a sustentação do Estado e a efetivação de suas funções, historicamente definidas. O sistema tributário é o mecanismo-chave pelo qual os recursos públicos são amealhados entre determinados segmentos da população e distribuídos sob a forma de serviços ou via políticas públicas, também a favor de determinados grupos dessa população, de modo mais ou menos amplo e equânime.

 

Nesse trânsito entre a coleta de fundos e o retorno aos cidadãos, muita coisa acontece e é aí que se alojam os inimigos da sociedade justa, no Brasil e no mundo globalizado sob a lógica do capital, enfocados pelos autores reunidos nesse livro, organizado por Antonio David Cattani e Marcelo Ramos Oliveira, sob o sugestivo e instigante título de A sociedade justa e seus inimigos (um contraponto ao livro A sociedade aberta e seus inimigos, de Karl Popper).

 

Esse seleto grupo de autores expõe, de maneira simples e compreensível ao leitor, os mecanismos que, no Brasil, atuam no sentido de privilegiar os ricos, sobreonerando os mais pobres com cargas tributárias que mantêm e perpetuam a desigualdade social, traço profundo da sociedade brasileira. Tratando de diferentes temas, os autores têm em comum a perspectiva teórica crítica do papel do Estado conivente com os interesses do grande capital (e, em determinadas circunstâncias, até dele prisioneiro), capital que se vale das mais variadas artimanhas para assegurar a intocabilidade de seus interesses e privilégios.

 

Os autores percorrem os meandros da legislação tributária brasileira, extremamente regressiva, apontando-a como um dos obstáculos à sociedade menos desigual, um dos pilares da sociedade justa. Nesse percurso, são abordados, de modo contundente, em face desses inimigos, legislação, instituições, pessoas e práticas, tais como as bases e a carga tributária, revelando quais os segmentos da população penalizados e quais os beneficiados; o sistema previdenciário, que beneficia alguns segmentos da população em detrimento de uma distribuição mais equilibrada entre a massa de beneficiários; as políticas sociais e quem as financia; o tratamento dado à divida pública; as resistências veladas ou manifestas contra uma lei que incidisse sobra as grandes fortunas; as armadilhas da legislação que inviabilizam medidas investigativas diante da inexistência material de provas dos delitos que justamente devem ser investigados; a leniência legal com sonegadores e fraudadores, levando à impunidade; a “inviolabilidade dos direitos adquiridos”, engessando as possibilidades de mudanças que pudessem eliminar ou dirimir as grandes desigualdades vigentes no país.

 

Os autores reunidos no livro têm em comum a denúncia contundente desses mecanismos que, tanto no nosso país como no espaço globalizado, permitem aos ricos e poderosos preservarem seus interesses e suas riquezas intocados. E nessas denúncias os autores são implacáveis, examinando práticas de instituições que estão a serviço desses interesses, sem deixar de dar nomes a executivos que as fazem funcionar e seu pernicioso trânsito entre os setores público e privado, favorecendo sempre os interesses do grande capital. Não fogem à penetrante argúcia dos autores as tantas ilegalidades (e até práticas criminosas) que têm os mesmos objetivos de defesa dos endinheirados e o que representam como obstáculos à construção de uma sociedade justa.alt

 

Os artigos, ainda que enfatizem a situação brasileira, não se restringem a ela.

Contemplam, também, instituições, práticas e legislação internacionais que se articulam na preservação de privilégios do grande capital. Destaque deve ser dado à existência dos paraísos fiscais, reduto de proteção de transações nem sempre lícitas, mas sempre impeditivas à construção de sociedades nacionais mais justas.

 

As garantias de sigilo e de anonimato dos depositantes nesses enclaves servem de acobertamento a atividades ilegais, criminosas, de sonegação fiscal, usurpando recursos que deveriam ser recolhidos nos países de origem, viabilizando uma maior proximidade com o bem comum.

 

A sociedade justa e seus inimigos torna-se leitura obrigatória para a compreensão do significado dos sistemas de tributação, suas distorções e o que pode e deve ser feito para corrigi-las. Não há, para tanto, uma receita milagrosa. Mas os autores são unânimes em reconhecer que somente numa sociedade democrática será possível mobilizar a população para iniciar a mudança que poderá conduzir a uma sociedade mais justa. Antes disso, porém, é necessário que a população tome conhecimento da realidade do sistema tributário de nosso país e compreenda em que sentido deve reivindicar mudanças. Isto os autores fazem com muita competência, clareza, sem apelo a uma linguagem técnica incompreensível para o grande público, tornando o texto de fácil compreensão a não iniciados, mas comungados na perspectiva de uma sociedade justa e comprometidos com sua construção.

 

Ficha técnica:

 

Título: A sociedade justa e seus inimigos

Organizadores: Antonio David Cattani e Marcelo Ramos Oliveira

Editora: Tomo Editorial

Ano: 2012

Páginas: 184

Preço: R$ 33,00

 

Antonio David Cattani e Marcelo Ramos Oliveira (orgs). Porto Alegre: Tomo Editorial, 2012, (184 p.) ISBN 978-85-86225-77-2

 

Lorena Holzmann é professora titular de Sociologia (PPGS) – UFRGSA

SEBASTIANA QUEBRA-GALHO – UM GUIA PRATICO PARA O DIA-A-DIA DAS DONAS DE CASA

 Ronaldo Livros de Bolso

SEBASTIANA QUEBRA-GALHO – UM GUIA PRATICO PARA O DIA-A-DIA DAS DONAS DE CASA

Ronaldo – Livreiro (noreply@blogger.com)

Saturday, July 20, 2013, 4:00 pm

DE TUDO UM POUCO

Autor: SALLES, NENZINHA MACHADO
Editora: BEST BOLSO
Assunto: ETIQUETA
R$ 19,90

SINOPSE:

Este livro apresenta dicas para administrar o cotidiano doméstico. A autora pretende esclarecer dúvidas sobre alimentos, beleza, a casa e suas dependências, socorros de emergência

Sobre o Autor
SALLES, NENZINHA MACHADO
Nenzinha Machado Salles nasceu em 29 de março de 1921, em São Manoel, interior de São Paulo. Esposa, dona de casa extremosa, especializou-se na arte de gerir um lar, acumulando conhecimentos preciosos, muitos aprendidos com Sebastiana, empregada que a acompanhou por mais de uma década. Mas Nenzinha nunca foi egoísta e teve a idéia de colocar sua sabedoria doméstica em livro, e assim passar adiante suas dicas e quebra-galhos e ajudar as donas (e donos) de casa de todo o Brasil. Assim surgiu seu maior sucesso, ‘Sebastiana Quebra-Galhos’, editado originalmente pela Civilização Brasileira e, hoje, sob o selo da Editora Record. Nenzinha Machado Salles foi membro da Academia Petropolitana de Letras. É autora de ‘Maria melado’, ‘Simpatias da Eufrázia’, ‘Contos que te conto’ e ‘Tira-manchas’, que ganhará uma reedição.

Programação da Flip

Programação da Flip

by Eduardo Coelho

A programação da Festa Literária Internacional de Paraty foi anunciada. Eis os autores: Aleksander Hermon, Alice Sant’Anna, Ana Martins Marques, Bruna Beber, Cleonice Berardinelli, Daniel Galera, Dênis de Moraes, Eduardo Coutinho, Eduardo Souto de Moura, Erwin Torralbo, Francisco Bosco, Geoff Dyer, Gilberto Gil, Jeanne-Marie Gagnebin, Jérôme Ferrari, John Banville, John Jeremiah Sullivan, José Luiz Passos, Karl Ove Knausgard, Laurent Binet, Lila Azam Zanganeh, Lourival Holanda, Lydia Davis, Mamede Mustafa Jarouche, Maria Bethânia, Marina de Mello e Souza, Michel Houellebecq, Milton Hatoum, Miúcha, Nelson Pereira dos Santos, Nicolas Behr, Paul Goldberger, Paulo Scott, Randal Johnson, Roberto Calasso, Sergio Miceli, T.J. Clark, Tamim Al-Barghouti, Tobias Wolff, Wander Melo Miranda, Zuca Sardan.

A Feira do Livro de Madri começa nesse mês de maio

A Feira do Livro de Madri começa nesse mês de maio

by Fernanda Jimenez

A 72ª edição da Feira do Livro de Madri começará no dia 29 de maio e vai até 16 de junho. A lista dos escritores que participarão da Feira já está disponível no site da Feira. Esse ano não vai ter país convidado, o que é uma pena, pois deixamos de conhecer autores de outros países. Será a crise? De todas as formas, podemos visitar 353 stands no Parque del Retiro, pulmão verde bem no centro de Madri.

Esse é o cartaz oficial de 2013 feito pelo desenhista e fotógrafo argentino radicado na Espanha, Juan Gatti:

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Eu amo essa Feira, todos os anos participo ativamente, nela conheci muitos escritores famosos internacionalmente. Estou fazendo uma coleção de livros autografados. Esse ano vou querer autógrafo de Ildefonso Falcones que vai autografar seu último livro “A rainha descalça”, ele é o escritor da bela narrativa “A catedral do mar”. Vou aqui fazendo a minha listinha de desejos!